A nova importância de fenómenos coletivos no imobiliário (Parte 1)

Recuemos ao tempo dos nossos pais ou avós. Durante muitas gerações, viver em casa própria era o maior sinal de prosperidade e orgulho pessoal, mesmo que essa compra implicasse um enormíssimo constrangimento do orçamento familiar.

A geração dos millennials tem vindo a mudar este paradigma, pois valoriza mais a vivência de experiências do que a posse material e desafia a estrutura familiar tradicional. Isto implica uma vida mais flexível, num movimento que veio baralhar a filosofia do mundo do trabalho e também do mercado imobiliário. Esta orientação para a partilha é acentuada, e mesmo estimulada, pelo desequilíbrio evidente entre a oferta e a procura de casas, especialmente nas grandes cidades, o que resulta em rendas ou créditos bancários que são difíceis de suportar por um indivíduo ou mesmo uma família.

Estes foram os principais catalisadores para o surgimento de soluções que têm gerado muita atenção na oferta imobiliária e constituem modelos alternativos cada vez mais atrativos para os investidores do mercado habitacional.


Coliving

Em contexto urbano, o Coliving tem ganho um crescimento importante. Além de responder às necessidades de quem encontra dificuldades na aquisição ou arrendamento de uma casa, este conceito de partilha de casa também se popularizou por encaixar num determinado estilo de vida onde encontramos maioritariamente os nómadas digitais (aqueles que são responsáveis pela criação do próprio posto de trabalho e que não dependem de uma localização física para trabalharem), empreendedores internacionais que ficam numa cidade por um curto período de tempo e o público nacional entre os 20-35 anos que busca um quarto privado mas espaços comuns partilhados. O coliving é assim solução adequada para indivíduos que valorizam o sentido de comunidade, a sustentabilidade e a economia colaborativa, e que procuram minimizar os seus custos com habitação.

A maioria dos projetos de coliving são desenvolvidos à escala local, mas, tal como uma cadeia hoteleira, existem marcas que possuem edifícios em vários pontos do mundo, incentivando os utilizadores a trocarem regularmente de país por uma renda fixa.

Enquanto os hotéis convencionais se caracterizam pela privacidade que oferecem, o apelo do coliving é precisamente o contacto com os outros utilizadores, potenciando a criação de networking e, em geral, socialização.

É necessário encontrar soluções legislativas que enquadrem o novo fenómeno, localizado algures entre o hospedamento hoteleiro e o arrendamento convencional, favorecendo aqueles que encontram neste modelo a única forma de aceder a habitação digna a preço comportável.

Uma palavra em especial para as residências de estudantes, soluções de coliving que contam já com uma aposta forte em Portugal, e a expetativa de outros promotores entrarem neste segmento do mercado. A multiplicação de projetos reflete a discrepância entre a oferta e a procura real, junto de um público que dispõe de rendimentos muito limitados para investir em habitação.

Numa momento em que a oferta se mostra aquém da procura e algumas das nossas principais cidades gozam de fama internacional pelo impulso que oferecem à indústria digital e criativa, o coliving permite rentabilizar os espaços disponíveis e é um dos mais promissores segmentos do imobiliário alternativo, com um grande potencial de multiplicação de projetos desta natureza.

Por não ser destinado ao mercado de luxo, poderá contribuir favoravelmente para a habitação a custos controlados, o aumento da oferta de habitação no centro urbano direcionada à classe média e, com isso, contribuir para a devolução de zonas centrais das cidades aos seus habitantes e frequentadores quotidianos.

Em termos urbanísticos, este conceito pode trazer mudanças à forma como se aborda a reabilitação dos espaços e como os cidadãos experienciam a cidade. Se num projeto convencional de empreendimento residencial tudo é desenvolvido pelo promotor e posteriormente comercializado, o sucesso dos projetos de coliving será tanto maior quanto mais atentamente se ouçam previamente as expectativas do seu público-alvo.

No próximo artigo abordaremos outros dois fenómenos imobiliários com ampla perspetiva de desenvolvimento no imobiliário residencial.

Tal como o produto Realsecure, que oferece ao comprador a garantia do valor de compra do imóvel pelo período de 10 anos, os novos modelos imobiliários serão cada vez mais relevantes para os promotores captarem negócio em períodos de incerteza e acelerarem o seu ritmo de vendas.

POR REAL SECURE

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